Medusa Concreta
post atualizado em outubro de 2020
A
trupe Cia Les Commediens Tropicales deu início aos trabalhos para a elaboração
de uma nova peça baseada no mito de Medusa, a partir da versão de Ovídio, autor
latino do século I a.C..
O
espetáculo integra o projeto “Medusa.concreta”, contemplado na 30ª edição da
lei de fomento ao teatro da cidade de São Paulo (2017). Além de reencenar parte
do repertório da companhia (“Mauser de garagem”; “Baal.material”), o projeto
inclui a construção de um espetáculo novo, que será “Medusa concreta”, uma
comédia de teatro de rua, com estreia prevista para o segundo semestre de 2018.
A
escolha do mito de Medusa decorreu do contato com um texto de 2014 de Amanda
Beatriz, membro das Blogueiras Negras: "Revelando o significado oculto: o mito da Medusa e a cultura do estupro" (o link não está mais ativo e não foi possível localizar o texto).
“A
gente chegou à história da Medusa através desse texto, e a partir daí a gente
começou a falar sobre mito. [...] E começamos a ver como a mitologia é formadora
de modos de vida, de pensamento social. [...] A gente quer trazer essa Medusa
para São Paulo, para os nossos tempos, para a inquietação quotidiana”, relata a
atriz Paula Mirham.
A
versão de Ovídio do mito, nos versos finais (765-800) do livro IV das
“Metamorfoses”, relata Medusa como vítima de estupro por Netuno, porém,
condenada por Minerva a ter sua cabeleira de serpentes e a petrificar quem a
olhasse diretamente. A fala de Perseu, assassino de Medusa, traduzida por
Raimundo de Carvalho:
Na
etapa inicial do trabalho, a Cia Les Commediens Tropicales organizou uma série
de quatro conversas com pesquisadoras para abordar a chamada “culpabilização da
vítima”.
Veja vídeos das palestras
Beatriz Perrone Moisés: "O mito grego e o mito brasileiro" (22.03.2018)
Helena Vieira: "O mito e o gênero" (27.03.2018)
Suzane Jardim: “O mito e o feminicídio” (24.04.18)
Maria Rita Khel: “O mito e o ressentimento” (27.04.18).
Helena Vieira: "O mito e o gênero" (27.03.2018)
Suzane Jardim: “O mito e o feminicídio” (24.04.18)
Maria Rita Khel: “O mito e o ressentimento” (27.04.18).
MEDUSA IN CONSERTO
Uma versão de “Medusa concreta”, reduzida de 120 para 60 minutos e batizada “Medusa in conserto” (com “s” mesmo), foi encenada em março de 2020 na área de convivência da Oficina Cultural Oswald de Andrade, em São Paulo, e pode ser vista aqui. Eu vi a peça integral em 25 de maio de 2019, numa programação especial do Sesc Bom Retiro. Veja mais sobre a produção teatral brasileira aqui.
Renata Cazarini