O IMORTAL


Tema: Homero
Texto: baseado no conto homônimo de Jorge Luis Borges (foto)
Dramaturgia: Adriano Guimarães e Patrick Pessoa
Temporada: 06.04 a 27.05.18
Local: CCBB Rio | RJ
Direção: Irmãos Guimarães
Elenco: Gisele Fróes
Assistido em: 08.04.18
Duração: 65 minutos

O monólogo traz a história fantástica de uma mulher que descobre um relato autobiográfico de um soldado do Império Romano que partiu em busca do rio que o purificaria da morte. A narrativa proporciona ao espectador um mergulho na reflexão sobre o conceito de imortalidade descrita pelo autor no conto homônimo publicado em 1949. (Divulgação)

Comentário
O belo conto de Borges é contado com habilidade pela atriz Gisele Fróes, como se numa leitura em voz alta, mas não integral do texto.

Primeiro, ela se apresenta como a mulher que recebeu seis volumes da “Ilíada” traduzidos por Alexander Pope, sendo que o manuscrito autobiográfico se encontra no último deles; depois, ela é o próprio tribuno romano Marcus Flaminius Rufus. O tema é a imortalidade em suas vertentes biológica, espiritual, intelectual.

Com certeza, parte importante da eficácia do espetáculo está em descobrir a história à medida em que vai sendo relatada, por isso, a quem não conhece o conto, recomendo que não o leia antes. Mesmo assim, segue aqui o texto completo, em tradução de Flávio José Cardozo.

A questão é quem foi o antiquário Joseph Cartaphilus: o autor do relato que buscava a imortalidade? “Palavras, palavras deslocadas e mutiladas, palavras de outros, foi a pobre esmola que lhe deixaram as horas e os séculos”, diz Borges.

Na dramaturgia dessa montagem brasileira, a atualização, que perpetua o texto, inclui o músico punk Iggy Pop na trilha sonora e alusões a obras do próprio Borges, ele mesmo um imortal tal qual Homero. Um autor é todos – é o que nos diz a peça e seu cenário. (Renata Cazarini)