A IRA DE NARCISO
Mito: Narciso, versão de Pausânias
Texto: Sergio Blanco
Idealizador e tradutor: Celso Curi
Temporada: 11.04.18 a 12.05.18
Local: Sesc Pinheiros | São Paulo (SP)
Direção: Yara de Novaes
Elenco: Gilberto Gawronski
Assistido em: 19.04.18
Duração: 120 min.
18
anos
A
narrativa em primeira pessoa é inspirada na visita do autor à cidade de Liubliana,
na Eslovênia, onde ele foi convidado a ministrar uma palestra sobre o famoso
mito de Narciso. A história se passa no quarto de hotel nº 228, onde o escritor
narra os últimos preparativos para essa conferência, enquanto tenta desvendar
uma misteriosa mancha de sangue no tapete e encontra-se com um jovem esloveno
que acabou de conhecer. (Divulgação)
Sergio
Blanco viveu a infância e adolescência em Montevidéu e, atualmente, reside em
Paris. Depois de ter estudado Filologia clássica e Direção teatral na Comédie
Française, decidiu se dedicar à direção de escrita e teatro. Desde 2008, é
membro da COMPLOT Contemporary Performing Arts Company. Suas peças ganharam o
Prêmio Nacional de Dramaturgia do Uruguai, o Prêmio de Dramaturgia da Cidade de
Montevidéu, o Prêmio do Fundo Nacional de Teatro, o Prêmio Florencio de Melhor
Dançarino, Prêmio Internacional Casa de las Américas e Prêmio Theatre Awards
para Melhor Texto na Grécia. Em 2017, “Tebas Land” recebeu o Award Off West
Enden, em Londres. (Divulgação)
NOTA
BENE
A
montagem original foi dirigida pelo próprio Blanco, com atuação do dramaturgo e
diretor uruguaio Gabriel Calderón, versão apresentada na última edição (2016)
do Mirada – Festival Ibero-americano de Artes Cênicas. Veja a crítica.
Comentário
O
texto dramatúrgico que evoca, em certo grau, “a ira de Aquiles” teria se
chamado, originalmente, “A carícia do mamute”, nos diz o ator que,
apresentando-se como o escolhido para o papel, torna-se também coautor do texto
e se promove a protagonista.
Há
narratividade no texto, mas também desconstrução permanente: que trama se
desenrola, a do professor em uma aventura amorosa em terra distante ou a do
crime violento por desvelar? No fundo, a autoficção da morte do autor Sergio
Blanco, com direito a “santinho” pelo falecimento à saída do espetáculo.
O
monólogo relata, com o apoio de objetos cênicos, de vídeo e de música, a
construção de uma relação homoerótica destrutiva. O texto se insere numa
realidade capitalista carregada de logomarcas e que deprecia o intelectualismo
acadêmico frente ao romantismo popular e ao conto policial. (Renata Cazarini)
Veja vídeo com apresentação de Sergio Blanco sobre a montagem (em espanhol).