CLÁSSICOS POR ANTUNES FILHO – MEMÓRIA DO CPT_SESC


O projeto Palco Clássico, um blog de registro de montagens teatrais de textos da Antiguidade, tem como propósito constituir um acervo para pesquisa acadêmica – precário, no entanto, já que se trata de uma iniciativa individual e sem financiamento externo.


Apesar da desagradável ausência nas salas de teatro por causa da pandemia, a inevitabilidade do distanciamento social vem gerando certa produção audiovisual de caráter documental que cobra os merecidos elogios, devidos ao Sesc à frente de todos.


Além da iniciativa #emcasacomsesc, que vem possibilitando aos artistas teatrais retomar na modalidade online peças, em sua maioria, já encenadas, com transmissões ao vivo registradas em vídeo e disponibilizadas no YouTube, a plataforma Sesc Digital abriga vasto material sobre o Centro de Pesquisa Teatral (CPT): escola, laboratório e sala de ensaios do encenador Antunes Filho (1929-2019) na unidade Sesc Consolação, na capital paulista.



O ciclo das tragédias clássicas montadas por Antunes é composto de Fragmentos troianos (1999), Medeia (2001), Medeia 2 (2002) e Antígona (2005). Muito material está agora digitalizado e organizado. Quem se interessa pela pesquisa de figurino vai encontrar muitas imagens de cada espetáculo. Também há documentos, como programas, convites, fotos. Mas não os textos das adaptações, feitas por Antunes, nem filmagens das peças.


Na semana passada (18.05.2021), houve um debate online sobre Antígona, como também tinha sido feito sobre as peças anteriores. Todos os encontros podem ser vistos numa playlist do YouTube. 



Eu assisti aos vídeos do Círculo de Debates: Acervo, Memória e Pesquisa e vasculhei o material da Coleção e Acervos Históricos CPT_Sesc.


Mas facilito a vida dos pesquisadores, agrupando as informações referentes a cada mito.



1999: Fragmentos troianos 

Baseada em As troianas, de Eurípides.

Veja o debate aqui. Navegue pela coleção aqui.


Fragmentos Troianos foi a primeira de uma série de incursões de Antunes Filho nas tragédias gregas. O diretor pesquisava novos modos de interpretação desses clássicos, distanciando-se da atuação realista e direcionando os atores à descoberta da voz e do corpo trágicos. A montagem se baseava em As Troianas, de Eurípedes, mas mesclava ao drama daquelas mulheres – que se veem partilhadas na condição de escravas entre os gregos – referências aos mais diversos sofrimentos da história, do Holocausto ao massacre dos sem-terra em Eldorado do Carajás. Para falar sobre o trabalho, este encontro reúne as atrizes Gabriela Flores, Patrícia Dinely e Sabrina Greve, que compartilham suas experiências na montagem, na qual interpretaram, respectivamente, as personagens Hécuba, Cassandra e Andrômaca. A mediação é de Emerson Danesi, ator, diretor, professor e assistente de Antunes Filho, que também integrou o elenco, na pele de Taltíbio. (Divulgação)



2001: Medeia

2002: Medeia 2 

Baseadas na Medeia, de Eurípides


Veja o debate aqui. Navegue pela coleção aqui.


As tragédias de Eurípides foram o foco de pesquisas do CPT_SESC na virada do século 21. Depois de Fragmentos Troianos (1999), baseada em As Troianas, o grupo se debruçou sobre a história de Medeia, que na leitura de Antunes Filho surgia como figura mítica, ligada às forças da natureza. O trabalho deu origem a duas montagens, Medeia (2001) e uma versão repaginada, Medeia 2 (2002). Para falar desse percurso, este debate reúne a figurinista Anne Cerutti e a artista plástica Regina Parra, que integraram a equipe dos espetáculos. Emerson Danesi, ator, produtor teatral e técnico do Sesc Consolação, faz a mediação do encontro. (Divulgação)



2005: Antígona

Baseada na Antígona, de Sófocles

Veja o debate aqui. Navegue pela coleção aqui.


Antígona foi a última incursão do CPT_SESC nas tragédias gregas. Nessa montagem de 2005, o grupo reinventou os preceitos do gênero a partir de recursos contemporâneos, trazendo um metateatro e realçando a religiosidade que marcou a obra de Sófocles. Para falar sobre a pesquisa do CPT_SESC e as memórias do espetáculo, este debate reúne artistas que participaram da montagem: Arieta Corrêa, que fez o papel de Ismene, Rodrigo Fregnan, intérprete de Creonte, e César Baptista, integrante do coro e assistente de direção. A mediação é de Emerson Danesi, ator, e técnico do Sesc Consolação, que também esteve no coro da peça. (Divulgação)

 


Outra unidade de São Paulo, o Sesc Pompeia, criou o projeto #desmontagem, com registros audiovisuais elaborados pelos próprios artistas de seus processos de construção de espetáculos teatrais. 


Na lista dos vídeos disponibilizados, há Medeia Negra e Gota D'água {Preta}. Sobre essas duas versões de Medeia, tratei neste post e neste aqui, respectivamente.

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