MANSA


Estreia: 06.06.18 
Mito: Antígona, apenas como tema de investigação dramatúrgica 
Dramaturgia: André Felipe 
Temporada: 06 a 10.06.18 (7ª Cena Brasil Internacional
Direção: Diogo Liberano 
Atuação: Amanda Mirásci e Nina Frosi 
Local: CCBB Rio de Janeiro (RJ) 
Duração: 70 minutos 
Assistido em: 10.06.18

NOVA TEMPORADA: 16.06 a 30.07.18, sábado, domingo e segunda, às 20 horas. 
Local: Sede da Cia. dos Atores, Rua Manuel Carneiro, 10 - Santa Teresa, Rio de Janeiro  (RJ)

MANSA é sobre o processo de amansamento da mulher. É um olhar sobre a dimensão predatória do ser humano a partir da fábula de duas irmãs que, quando jovens, assassinam o pai (um pastor de igreja) e o enterram no quintal de casa.  (página do espetáculo no Facebook, post de 25.05.18) 

Uma das origens da investigação da dramaturgia de MANSA é “Antígona” de Sófocles. Esta pesquisa foi nutrida por estudos sobre penitenciárias e instituições de confinamento para discutir a ideia de amansamento da mulher. (página do espetáculo no Facebook, post de 18.05.18) 

NOTA BENE: 

Trecho de “Antígone”, de Sófocles, no post de 18.05.18, na tradução de J. B. de Mello e Souza, originalmente publicada em Clássicos Jackson, Vol. XXII.  

Ismênia: Mas minha pobre irmã, em tais condições, em que te posso eu valer, quer por palavras, quer por atos? 
Antígone: Quererás auxiliar-me? Agirás de acordo comigo? 
Ismênia: A que perigos pensas arriscar-te ainda? Que pretendes fazer? 
Antígone: Ajudarás estes meus braços a transportar o cadáver? 

O diretor Diogo Liberano comenta sobre o processo de pesquisa: “A relação das irmãs Antígone e Ismênia e o embate que elas vivem: uma querendo tomar uma decisão que desafiaria o Estado e causaria a própria morte e a outra, amedrontada”. 

Comentário
Trata-se de uma costura de fragmentos discursivos de vários personagens, jovens e velhos, mulheres e homens, apresentados pelas duas atrizes com habilidade. Não há troca de figurino, exceto pelo prender e soltar os cabelos. O cenário é também elementar - e funciona. O trabalho cênico está no timing de realização de cada fragmento e de costura entre eles - e é efetivo. 

As personagens nomeadas como Raquel e Lia evocam as filhas de Labão (Gênesis, 29), conforme apontamento que consta do diário do diretor.  

Assim como em “Antígone”, em MANSA tudo gira em torno de um punhado de terra, que está presente no palco. A terra, o terreno em que se enraíza a memória de um crime resultado do abuso de poder do homem sobre as mulheres. O tema tem sido recorrente no teatro de hoje. 

Outra personagem tomada isoladamente de um clássico que manifesta a intenção de matar o pai opressor é Ofélia de “Hamlet” na dramaturgia de Ana Carolina com direção de Mika Lins, sob o título “Quero morrer com meu próprio veneno”, no Teatro do Sesi em São Paulo. (Renata Cazarini) 

Sobre o trabalho na sala de ensaio de MANSA, veja o diário do diretor.

“Penso que a cena está escondida dentro do texto teatral, por isso, é preciso escavar o próprio texto para encontrar, dentro dele, os ingredientes para a encenação que virá”. (Diogo Liberano)