LAIO E CRÍSIPO

Mito: Laio 
Dramaturgia: Pedro Kosovski 
Curta temporada: 08 a 10.06.18 
Local: Sesc Ipiranga | São Paulo (SP) 
Direção: Marco André Nunes 
Elenco: Carolina Ferman (Jocasta), Erom Cordeiro (Laio) e Ravel Andrade (Crisipo) 
Direção musical: Felipe Storino 
Músicos em cena: Felipe Storino, Pedro Nêgo. 
Duração: 90 min. 
Assistido em: 08.06.18 

O jovem Laio fugiu de sua cidade natal, Tebas, já que uma sangrenta disputa pelo trono ameaçava sua vida. Foi acolhido, então, pelo rei Pélops, da Frígia, que o nomeou preceptor de seu herdeiro, o jovem Crísipo. Mas a relação entre mestre e pupilo vira paixão. (Divulgação) 

“Como é mesmo o nome? O nome daquilo. Aquilo de que somos feitos, aquilo que tem nos bichos e a gente come, aquilo que servem nos churrascos e que os vegetarianos não suportam, aquilo que tem em volta do osso e que quando a gente não resiste a gente diz que é fraca: a carne. As feridas da carne, é isso!” (Fala de Crísipo, destacada pelo dramaturgo no material de divulgação)

Comentário: 
No grande evento promovido pelo Sesc SP “Dramaturgias”, são reencenadas três obras do dramaturgo Pedro Kosovski, incluindo a peça de fundo mitológico “Laio e Crísipo” (com acento mesmo). 

Em 2015, a Aquela Cia., trupe do Rio de Janeiro, estreou “Laio e Crísipo” no mesmo ano em que lançava a premiadíssima “Caranguejo Overdrive” – não sem razão premiadíssima esta e não sem razão mais apagada a primeira. 

O “gozo a três”, mencionado algumas vezes, é tão valorizado na performance que, não fosse por certos momentos em que o texto explicita a proposta de discutir o mito, a tradição, a transmissão e o esquecimento, resultaria, como afirma Laio a certa altura, numa “tragédia que pode parecer comédia de costumes”. 

Veja-se que, de cara, Laio, a primeira das três personagens a se apresentar, enverga uma regata preta com os dizeres “Edipo will be the real mother fucker”. E Jocasta, com a mesma dose de ironia, diz a Laio: “Eu me mataria por outro, não por você”.

É Crisipo que ressalta: “Minha tragédia é ser esquecido”. E é em torno da enorme projeção da tragédia de Édipo frente ao apagamento da precedente tragédia de Crisipo que são construídas as cenas altamente erotizadas, de prostituição dos corpos, num cenário contemporâneo de red light district, mas que é identificado, com uma placa de madeira entalhada, como a Tebas arcaica.