SENECA - ON THE CREATION OF EARTHQUAKES
SÊNECA – SOBRE A CRIAÇÃO
DE TERREMOTOS
Diretor Robert Schwentke
Roteiro: Robert Schwentke, Matthew Wilder
Produtores: Karim Debbagh, Frieder Schlaich, Irene von Alberti
Inglês, 110 min.
John Malkovich (Sêneca)
Tom Xander (Nero)
Geraldine Chaplin (Lúcia)
Louis Hofmann (Lucílio)
Lilith Stangenberg (Paulina, mulher de Sêneca)
Samuel Finzi (Estácio, médico)
Mary-Louise Parker (Agripina, mãe de Nero)
Andrew Koji (Felix)
Julian Sands (Rufo)
Alexander Fehling (Décimo)
O filme Sêneca estreia
neste 20 de fevereiro de 2023 no 73º Festival de Cinema de Berlim (16-26
fev.). Eu nem vi, claro, mas e daí? Dá pra fazer o registro e propor algumas
ideias a partir dos trailers disponíveis em inglês com legendas em alemão. E sugiro
ver nesta ordem: primeiro este (0:53), depois este (1:54).
Mas, veja bem, Sêneca está
longe de ser um modelo irreprochável. E vejo mérito (sem ter visto o filme) em abordar
a morte do filósofo de maneira satírica. Acontece que, se o filme retrata a
cena final da vida do antigo mentor e amigo do imperador Nero, cai na situação de
preencher lacunas no relato de Tácito (Anais, XV.60-63), por exemplo, quando o
historiador latino diz que “e então, nos derradeiros momentos, chamados os
secretários, com abundante eloquência, ditou-lhes um discurso que não desejo
desfigurar e que está nas mãos de todo mundo, divulgado nos seus próprios
termos” (trad. Leopoldo Pereira, Ediouro, s/d, p. 256).
O diretor alemão Robert
Schwentke estudou filosofia e literatura comparada na Alemanha antes de sua
formação acadêmica em cinema em Los Angeles. Eu nem sabia que já tinha
assistido a tantos filmes que ele dirigiu, por exemplo, dois da série Divergente
(Insurgente, 2015; Convergente, 2016), RIPD: Agentes do Além (2013), RED: Aposentados
e perigosos (2010) – tudo muito comercial, os últimos, com uma boa dose de
humor.
Daí que não há razão para pensar
numa reconstituição histórica do ano 65 da Era Comum, quando morre o político-filósofo. Algumas “inconsistências” aparecem na sinopse publicada pelo
Festival de Berlim. Em 65 EC, o imperador Nero não estaria ensaiando um discurso
com Sêneca numa aula de Retórica. A esta altura eles já estavam afastados, segundo
o relato de Tácito (Anais, XV.52-56). Nem
Paulina, a segunda esposa, teria optado pela morte voluntária efetivamente (Anais,
XV.64).
A popularidade de Sêneca é
grande como propagador do estoicismo, uma das fontes permanentes de matéria
para o mercado editorial de autoajuda. Suas frases de efeito, as sententiae,
estampam camisetas por aí. No trailer, ele afirma para Nero: “Aim for
virtue, happiness will follow” (Almeje a virtude, a felicidade virá a
seguir).
Ansiosa pra ser feliz vendo esse filme. Ainda não sei quando chegará ao Brasil.
NOTA DE RODAPÉ
Só depois da edição do post achei esta entrevista (em inglês) com o diretor. Explica muito.
Texto excelente!
ResponderExcluirObrigada!
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