Les Héroïdes

Post atualizado em 22 de agosto de 2023 para incluir link com vídeo (depois, retirado)


A partir do texto de Ovídio

Cie BrutaFlor

França


Direção e dramaturgia: Flavia Lorenzi

Direção musical: Baptiste Lopez

Direção do movimento: Luar Maria

Cenografia e iluminação: Bia Kaysel

Figurino: Charlotte Espinosa

Elenco: Alice Barbosa, Ayana Fuentes, Capucine Baroni, Juliette Boudet, Laura Clauzel, Lucie Brandsma, Rita Grillo.

Temporada: 19 e 20 de outubro de 2021 no Grand Parquet (Paris); 21 de janeiro de 2022 no Equinoxe Scène National de Châteauroux

Duração: 45 min.

Com o apoio do Théâtre 13, Mains d'euvres e Le LoKal.

 

As relações amorosas e suas feridas são um dos pontos centrais desses textos. São cartas de amor, claro, mas essas mulheres não se lamentam apenas, não! Elas gritam a sua revolta, lutam contra os seus destinos, abrem seu caminho com as suas próprias vozes, buscam um espaço em todas estas histórias onde vemos com mais frequência as façanhas do herói, do homem. Se esses mitos certamente revelam aspectos de nós mesmas, mulheres modernas, como podemos dar a eles uma nova camada de existência? Criar um diálogo entre vozes antigas e vozes contemporâneas é cruzar texto, coreografia e música. (Divulgação)

 

Les relations amoureuses et ses blessures sont l’un des noyaux centraux de ces textes. Ce sont des lettres d’amour, certes, mais ces femmes ne font pas que se lamenter, non ! Elles crient leur révolte, elles combattent leurs destins, elles se fraient un chemin avec leurs propres voix, elles cherchent une place dans tous ces récits où l’on voit le plus souvent les exploits du héros, de l’homme. Si ces mythes dévoilent sûrement des aspects de nous-mêmes, femmes modernes, comment pourrions-nous leur donner une nouvelle couche d’existence ? Créer un dialogue entre les voix antiques et les voix contemporaines, c’est croiser texte, chorégraphie et musique. 

 


PASSANDO AQUI PRA DIZER QUE...

Os teatros estão reabrindo aqui no Brasil e na Broadway e na Europa. Espero que no mundo. E assim vão achando seus espaços – físicos – os projetos que tiveram que ser postergados diante da pandemia da covid-19. Anseio que muita coisa interessante surja e que a gente se refestele com bom teatro presencial, mas – por favor – que não se extingam as transmissões online.


Então, se houvesse a possibilidade de ver remotamente, eu assistiria agora em outubro a uma das três encenações de “Les Héroïdes” da Compagnie BrutaFlor no Festival Fragment(s) #9.



Baseada na obra Heroides, de Ovídio, que escreveu em latim, no início da nossa era, um conjunto de cartas majoritariamente de heroínas mitológicas para seus amantes que as deixaram, a peça francesa, ainda em processo de criação, é dirigida pela brasileira radicada na França Flavia Lorenzi (Instagram @flalorenzi80). 


A proposta é de uma criação coletiva, com aportes de textos e improvisações das atuantes. Interessa notar que há um trabalho coral sedutor pelo que acompanhei no perfil @ciebrutaflor no Instagram. Veja só « le chant des sorcières ». E « sit down and cry ».

 

Diz a metteuse en scène : « Mon désir est de créer un dialogue entre les voix antiques et les voix contemporaines ; ce procédé sera abordé pour l’ensemble des éléments esthétiques. Ce sera un travail choral et rapsodique (couture des chants), tout en croisant texte, chorégraphie et musique. »


Mais um exemplo da performance coral será “With droop wings” da ópera Dido & Aeneas, de Henry Purcell, num arranjo para quatro vozes. Ouça.


Sobre o projeto da Cie BrutaFlor, é possível ver um vídeo aqui.


Dá pra ter uma ideia também da criação do figurino reunindo imagens postadas no perfil da cia.


                        

Charlotte Espinosa Capucine Baroni


Por ali eu achei também um trecho do que deve ser um improviso escrito por @alicebarbochat

« …tu entends la mer, ça pourrait être seulement ça, la vie serait simple avec toi, je ressens ça, très fort, on pourrait décroître, retourner à la source, fonder d’autres villes, qu’est-ce que j’aime la nuit, et le bruit de l’eau, je sens que j’ai assez d’amour pour la terre entière, il ne faut pas avoir peur tu sais, il faut juste aimer plus fort, ne te sens obligée de rien, se regarder en réalité c’est déjà de l’amour, penser à l’autre c’est de l’amour, marcher côte à côte c’est de l’amour, rougir c’est de l’amour, écouter c’est de l’amour, se toucher c’est de l’amour, se caresser c’est de l’amour, s’embrasser c’est de l’amour évidemment, faire l’amour c’est de l’amour, tu as froid, tu as tellement de tâches de rousseurs, on dirait qu’elles dansent de manière presque imperceptibles dans la nuit, faire attention c’est de l’amour, s’écrire des lettres c’est de l’amour, se tenir la main c’est de l’amour, chanter c’est de l’amour, rire c’est de l’amour, respirer ensemble c’est de l’amour. Quel vertige. »


Bom, então, a moral da história é que, se você estiver na França, tem essa recomendação teatral. Se, como eu, estiver no Brasil, fica apenas o registro. E eu sinto muito.

Renata Cazarini


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