CRETENSES (espetáculo online em processo)
Mito: Minotauro
Fragmentos de tragédias de Eurípides: Kretes; Theseus
Tradução, direção, iluminação: Leonardo Antunes*
Dramaturgia: João Anzanello Carrascoza
Elenco: Caroline do Amaral, Elaine Alves, Gustavo Andersen, Gustavo Xella, Heidi Monezzi, Isabela Bustamanti, Isabella Bottan, Jean Pierre Kaletrianos, João Muniz, Júlia Gama
Direção musical: Giovana Barros, Jean Pierre Kaletrianos, Leonardo Antunes, Pax Bittar
Cenografia: Leonardo Antunes e Márcia Moon
Figurinos: Miko Hashimoto
Adereços: Fernando Fedora
Maquiagem: Claudinei Hidalgo
Preparação musical (percussão adufe) Valéria Zeidan; (aquários) Orquestra dos Objetos Desinventados
Treinamento corporal (kempo): Ciro Godoy; Mavutsinim Santana
Assistência de iluminação: Tati Miller
Fotos: Júlia Gama
Identidade visual: Cláudio Novaes
Design gráfico: Elaine Alves
Realização: Cia. Teatral Energós
*Não é o professor da UFRGS
Duração: 60 min.
Temporada: 17.set-10.out.2021 (sexta, sábado, domingo)
Assistido em 24 set.2021
Plataforma Sympla
Projeto contemplado Edital Proac Expresso Lab
SINOPSE
Quando o rei de Creta morre sem herdeiros, Minos reivindica o trono, que lhe é negado por seus irmãos. Ele, então, pede, a Poseidon que envie um sinal de confirmação: um animal vindo do mar que deverá ser sacrificado em agradecimento. Poseidon atende o pedido: faz surgir um touro branco das águas do oceano e Minos assume o poder. Mas o novo rei não cumpre a promessa. Ele se apossa do touro de Poseidon e sacrifica outro animal em seu lugar. Furioso, o deus lança um castigo sobre o rei e faz com que sua esposa, Pasífae, dê à luz um monstro: o Minotauro, criatura com cabeça de touro em um corpo humano. (divulgação)
COMENTÁRIO
No início da transmissão, o diretor explica que o que a gente vai ver é um espetáculo ainda em processo, não mais que metade da dramaturgia. Então, digamos, que interessa ver agora e ver no futuro, quando for dado como finalizado. Isso também deve favorecer a receptividade do projeto da Cia. Energós. O espetáculo online é uma produção audiovisual, gravada no espaço Areté, na capital paulista, com intervenções ao vivo na plataforma Zoom.
O tema é o mito do Minotauro, mas contado desde o começo, quando Minos aspirava ao reino de Creta, antes do casamento com Pasífae. Daí que a trama passa pela sedução do touro branco com a artimanha encomendada pela rainha a Dédalo. E não falta ironia: “O engenheiro da senhora não tem certeza se entendeu”. A malícia é intensa: a vaca artificial será lustrada com o muco de novilha no primeiro cio. Pasífae é exigente: de dentro do mecanismo quer ouvir os ruídos que fará o touro durante o acasalamento. Não há vergonha no trato com a matéria, chega a haver nudez, mas não há sexo explícito. É para 14 anos o espetáculo.
A paisagem sonora é relevante nessa peça, ainda que o som não tivesse boa qualidade no dia em que assisti. Há uma presença coral com cantos em grego. Há um momento interessante acompanhado de violino (supostamente ao vivo) por Jean Pierre Kaletrianos, que trabalhou a tradução de fragmentos euripidianos. Outro instrumento presente nas imagens gravadas é o adufe, instrumento de percussão quadrado, introduzido pelos árabes na Península Ibérica. É possível ter uma ideia da sonoridade do espetáculo aqui.
Segundo a trupe, as referências pictóricas são as pinturas de Giorgio de Chirico e a perspectiva e a sobreposição de imagens de Francis Bacon.
A dramaturgia combina a tradução de fragmentos com material poético levantado durante a pesquisa. Sobre os fragmentos trágicos de Eurípides, leia no Portal Grécia Antiga.
Renata Cazarini
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