Pequena Mostra de Encenações sobre Mitologia Grega
De 13.04 a 27.05 de 2017, o Núcleo Grupo
Arte Ciência no Palco realizou a "Pequena Retrospectiva de Encenações Focadas
nos Mitos Gregos", na Oficina Cultural Oswald de Andrade, em São Paulo. Foram
encenadas quatro peças: "Prometeu", "Odisseia", "Prometheus - a Tragédia do Fogo" e "Prometeu Despedaçado".
PROMETEU
Mito: Prometeu
Adaptação livre do
Prometeu Acorrentado, de Ésquilo
Texto: Rodrigo Matheus
Temporada: 20 a 22.04.17
Local: Oficina Cultural Oswald de Andrade | São Paulo (SP)
Direção: Cristiane Paoli-Quito
Local: Oficina Cultural Oswald de Andrade | São Paulo (SP)
Direção: Cristiane Paoli-Quito
Elenco: Rodrigo Matheus
Grupo: Cia Circo
Mínimo
Assistido em: 22.04.17
Assistido em: 22.04.17
Duração: 40 min
"Prometeu" é um espetáculo solo,
originalmente interpretado por Rodrigo Matheus, em que o uso da corda como
técnica circense está diretamente conectado com o seu sentido poético: as
mesmas cordas que servem ao ator circense aprisionam Prometeu e também podem
ser o meio de chegar aos deuses. A montagem estreou em 1993. Foi encenada por
mais de dez anos, em salas ou na rua, em guindastes, escadas magirus e torres. (Divulgação)
“Por amar a raça humana, eu estou
acorrentado. Acorrentado por um deus desgraçado porque eu cacei e aprisionei o
fogo do inferno” (Adaptação de
Rodrigo Matheus)
Comentário
O ator encena o monólogo preso a cordas,
em constante movimento, dirigindo o discurso de Prometeu, deus condenado pelo
grande Zeus, aos humanos, diferentemente da peça de Ésquilo. A performance
circense, que complementa dramaticamente o pesado texto, mesmo que adaptado ao
português contemporâneo quase que integralmente, tem duração de 30 minutos.
Poderia durar mais sem cansar, mas basta também. Satisfaz.
O cenário desta montagem, em que um fogo arde quase durante todo o espetáculo, remete ao rochedo a que fica preso Prometeu por ter entregado o conhecimento ao homem. Não há nessa montagem nenhum outro personagem. O único interlocutor deste "Prometeu" é o público, o ser humano, incapaz de ajudar seu herói máximo. (Renata Cazarini)
O cenário desta montagem, em que um fogo arde quase durante todo o espetáculo, remete ao rochedo a que fica preso Prometeu por ter entregado o conhecimento ao homem. Não há nessa montagem nenhum outro personagem. O único interlocutor deste "Prometeu" é o público, o ser humano, incapaz de ajudar seu herói máximo. (Renata Cazarini)
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ODISSEIA
Mito: Odisseu ou Ulisses
Adaptado por Samir Yasbek
Temporada: 24 a 26.04.17
Direção: Marco Antônio
Rodrigues
Local: Oficina Oswald de Andrade | São Paulo (SP)
Atores: Gabriel Muglia
e Rafael Faustino
Grupo: Estudo da Cena
da Escola Superior de Artes Célia Helena
Assistido em: 24.04.17
Duração: 60 minutos
A partir da obra de Homero e com
adaptação de Samir Yasbek, a montagem propõe um encontro musical, teatral,
literário em torno da “Odisseia”, a partir de registros o espetáculo realizado
em 2014, quando Penélope ainda estava entre nós. (Divulgação)
Comentário
“Isto não é um espetáculo” é o mote da
encenação da “Odisseia” feita pela dupla de atores que havia desempenhado o
papel de Odisseu (Ulisses) na montagem original, em 2014, de dimensões mais
ambiciosas. A informalidade com que é tratado o texto homérico não seria um
incômodo para o classicista – ouso dizer –, se fosse mantido o foco ou na
narrativa ou na tentativa de abstrair da narrativa conceitos da Antiguidade,
como métis e híbris, que acabam se perdendo no desenrolar da encenação. A
associação de Polifemo com o gigante adormecido da opressão, que desperta, e
Penépole com Dilma, que “já não está entre nós”, fica numa alusão muito frágil.
Eu diria: “isto não é mesmo um espetáculo”. (Renata Cazarini)
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PROMETHEUS
- A TRAGÉDIA DO FOGO
Mito: Prometeus
Dramaturgia: Leonardo Moreira
Temporada: 13.04 a 15.04. 17
Direção: Maria Thaís
Local: Oficina Oswald de Andrade | São Paulo (SP)
Grupo: Cia Balagan
[Não assistido]
Duração: 90 minutos
Em "Prometheus – a tragédia do
fogo" as vozes dos atores-narradores, das figuras presentes no mito e do
coro se sobrepõem e se articulam no relato dos diversos acontecimentos que
compõem o mito prometeico – a criação do homem, a separação dos deuses e dos homens,
a separação do homem e da natureza, a separação dos irmãos Prometeu/Epimeteu, o
roubo do fogo, a condenação do titã ao Cáucaso e sua libertação, a morte da
Águia, entre outros. (Divulgação)
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PROMETEU
DESPEDAÇADO
Mito: Prometeu
Dramaturgia: coletiva, com
texto de Flavio Moraes
Temporada: 04.05 a 27.05.17
Local: Oficina Oswald de Andrade | São Paulo (SP)
Direção geral: Carlos Palma
Local: Oficina Oswald de Andrade | São Paulo (SP)
Direção geral: Carlos Palma
Elenco: Adriana Dham,
André Falcão, Antonio Ginco, Diogo Cintra, Letícia Olivares, Monika Plöger,
Oswaldo Mendes, Rogério Romera, Selma Luchesi, Vera Kowalska.
Grupo: Cooperativa Arte Ciência no Palco
Assistido
em:
27.05. 17
Duração: 90 minutos
“Quem pensa encontrar em nosso "Prometeu
Despedaçado" uma história cientificamente estruturada pelo que dizem os manuais
da boa dramaturgia, esqueça. Ao mesmo tempo em que se despedaça, reencontra-se.
(...) Não há originalidade: um grupo de professores está preso num tempo e num
espaço, numa ortodoxia asfixiante, num mundo de regras e obediências que
retarda a liberdade do ser”. (Divulgação)
“Nunca se falou tanto em complexidade,
interdisciplinaridade, não linearidade, rede, rizoma e por aí se vai. Nosso
processo criativo disso não se salvou. Está ali uma dramaturgia coletiva,
apoiada em estudos, cruzando infindáveis improvisações, vivências pessoais e
crises criativas para se chegar a uma consensualidade improvável”. (Divulgação)
Comentário
O espetáculo põe em xeque o dom de
Prometeu aos homens: o conhecimento. Para tanto, faz uso de um clichê, o do
professor como detentor do conhecimento – ou melhor, suposto detentor. Colocados numa situação de jogo ou teste, os oito mestres trazem ao palco
trechos de autores consagrados e testemunhos de vida fragmentados, daí o
despedaçado.
Do "Prometeu Acorrentado" de Ésquilo, uma das atrizes como que recita um trecho reconhecível, mesmo assim, posteriormente identificado para o público. Mais marcante é a analogia da resiliência de Prometeu, embora uma maldição divina, com a do cidadão de hoje: “Mas temos a capacidade ‘prometeica’ de absorver a dor que se espalha, restando apenas e inutilmente uma teatral indignação” (divulgação). Os professores momentaneamente tornam-se aves de rapina como a que consome dia após dia o fígado de Prometeu. A dramaturgia é interessante e a encenação, curiosa. (Renata Cazarini)
Do "Prometeu Acorrentado" de Ésquilo, uma das atrizes como que recita um trecho reconhecível, mesmo assim, posteriormente identificado para o público. Mais marcante é a analogia da resiliência de Prometeu, embora uma maldição divina, com a do cidadão de hoje: “Mas temos a capacidade ‘prometeica’ de absorver a dor que se espalha, restando apenas e inutilmente uma teatral indignação” (divulgação). Os professores momentaneamente tornam-se aves de rapina como a que consome dia após dia o fígado de Prometeu. A dramaturgia é interessante e a encenação, curiosa. (Renata Cazarini)