PROMETEU: ESTUDO 1.1
Mito: Prometeu
Tradução: Alberto Guzik
("Prometeu acorrentado", Ésquilo)
Temporada: 28.01 a 05.02.17
Local: Espaço
Pyndorama São Paulo SP
Direção: Thiago Reis
Vasconcelos
Elenco: Diogo Marques, Haroldo Stein, Raphael Gracioli, Rodrigo Rolim Ruth Melchior e Thatiane Ferrari
Assistido em: 28.01.17 e 04.02.17
Elenco: Diogo Marques, Haroldo Stein, Raphael Gracioli, Rodrigo Rolim Ruth Melchior e Thatiane Ferrari
Assistido em: 28.01.17 e 04.02.17
Duração: 90 min
Espetáculo revisitado nos 15 anos da CiaAntropofágica (abaporu) no projeto da mostra de repertório
[TRAM(A)NTROPOFÁGICA], contemplado pelo programa “Fomento ao teatro para a cidade de São Paulo
(28ª edição).
NOTA BENE
Em 4 de fevereiro de 2017, nos Diálogos
Antropofágicos, encontro mediado por Ana Souto, o diretor da peça, Thiago Reis
Vasconcelos, esclareceu que a primeira montagem havia relacionado o mito grego
aos acontecimentos de 11 de setembro de 2001, a derrubada das Torres Gêmeas, em
que Prometeu seria uma alusão a Osama Bin Laden como colaborador do império
norte-americano que, depois, debandou. Teria sido uma releitura do “Prometeu
acorrentado” de Ésquilo a partir do “A libertação de Prometeu” de Heiner Müller
e da “Microfísica do Poder” de Michel Foucault.
Bibliografia
“Por que o senhor das cadeias se vê preso
nas cadeias? Porque se recusa a participar da realeza de Zeus. Essa recusa de
Prometeu tem nesse drama a aparente justificativa de que essa exclusão se deva
a que o poder exercido por Zeus se deixa descrever como ‘tirania’”.
Introdução a “Prometeu Cadeeiro”, Jaa
Torrano, p.331
ÉSQUILO. Tragédias. Ed. bilíngue. Estudo e tradução Jaa Torrano. São Paulo:
Fapesp/Iluminuras, 2009.
“Coma a águia – disse Héracles.
Mas Prometeu não conseguia captar
o sentido de suas palavras.
Também sabia muito bem
que a águia fora a sua última ligação com
os deuses
e que suas bicadas diárias
eram a memória deles nele.
Mais ágil do que nunca em suas correntes,
ele xingou seu libertador de assassino,
e tentou cuspir em sua cara”.
MÜLLER, Heiner. “A libertação de
Prometeu”, trad. Walter Schorlies, colab. Márcio Meirelles, p. 201. In: Heiner
Müller. Medeamaterial e outros textos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993.
Comentário
Tal como é alertado
no título, a montagem é um “estudo”, apegando-se ainda muito ao formato textual
da peça grega. É boa a solução do coro em uníssono composto de duas oceanides,
filhas de Oceano, tal como a caracterização de Hermes, o deus mensageiro de seu
pai Zeus, como um boneco de ventríloquo.
A peça esquiliana não tem peripécias. Prometeu fica lá, encadeado no rochedo, em interlocução com passantes. É uma peça de discurso: manter o texto com vocabulário rebuscado e os pronomes de tratamento de segunda pessoa (tu, vós) cria um desafio ao público.
Nada de Heiner Müller se dá a perceber como releitura do mito: falta uma dose ainda maior de horror, em que o dramaturgo alemão é mestre. Por outro lado, é feliz a caracterização de Prometeu como um ginasta num andaime. (Renata Cazarini)
A peça esquiliana não tem peripécias. Prometeu fica lá, encadeado no rochedo, em interlocução com passantes. É uma peça de discurso: manter o texto com vocabulário rebuscado e os pronomes de tratamento de segunda pessoa (tu, vós) cria um desafio ao público.
Nada de Heiner Müller se dá a perceber como releitura do mito: falta uma dose ainda maior de horror, em que o dramaturgo alemão é mestre. Por outro lado, é feliz a caracterização de Prometeu como um ginasta num andaime. (Renata Cazarini)