ANTÍGONA enTERRA



Mito: Antígona (Sófocles)
Tradução: Millor Fernandes
Temporada: 05 a 26.03. 17
Local: Estação Satyros | São Paulo (SP)
Direção: Carolina Angrisani
Elenco: Regiane Malta (Antígona) , Jefferson Campos (Creonte jovem), Waltinho Ribeiro (Creonte velho), Gerbson Ferreira (Polinices), Anderson Sales (Etéocles), Kris Mariano (Ismênia), Danilo Borges (Soldado), Clau Siqueira (Eurídice), Sarom Durães (Hémon), Verena Cervera (Tirésias), Anderson Sales e Ewerton Morais (Cães de Tirésias), Yuri Garcia (mensageiro), Rafael Pires (corifeu)
Assistido em: 12.03.17
Duração: 80 min

A montagem da peça de Sófocles é resultado da pesquisa performativa dos alunos do módulo IV do Estúdio de Treinamento Artístico (ETA), com participação do público num trajeto pelas ruas próximas do espaço teatral. Os próprios atores executam ao vivo a trilha sonora do espetáculo, composta de temas afros. (Divulgação)

“Desobediência civil? Refletindo sobre o momento histórico que estamos vivendo, observando a velocidade das mudanças no país desde que estreamos em dezembro de 2015, percebemos que o fazer teatral tornou-se um ato de resistência no Brasil, sobretudo um teatro de pesquisa distante dos padrões comerciais e espetaculares”. (por Carolina Angrisani, divulgação)

NOTA BENE

Assisti antes à montagem de 2016 (6/3 a 24/4), no Teatro ETA, na Bela Vista, em São Paulo, capital. O trajeto ia do Teatro ETA à Praça do Fogo e de volta. Nesta terceira montagem, o trajeto foi atravessar a rua até a Praça Roosevelt e de volta.

Bibliografia

“Antígona é uma obra completa, traz muitos dos aspectos humanos e sociais presentes nos dias de hoje. Trata do feminino, do amor, da transgressão, da evolução humana. Questiona o velho poder, caduco e doente. E diz não ao medo e à submissão. Vivemos num outro tempo e é hora de mudar! A consciência humana precisa se fazer mais potente que qualquer lei. Isso significa evolução. Amor. Encontro. Transformação. Revolução. Viva o punhado de terra de Antígona!”



Comentário

Resultado de um curso de formação teatral, a montagem de "Antígona" pelo Núcleo de Pesquisa M4 tem caráter amador, mas identidade própria. 

A performatividade buscada pelo grupo resulta numa montagem participativa: tem início com uma caminhada até a encenação da batalha entre Etéocles e Polinices, seguida de um cortejo fúnebre rumo ao teatro, finalizado internamente com o ritual funerário que inclui um brinde coletivo com um dedal de vinho distribuído a plateia. Por fim, no espaço cênico convencional, a peça se desenvolve com o acompanhamento musical. 

A cena do sepultamento simbólico de Polinices é marcada por Antígona cantando “Canto das Três Raças”, enquanto lança punhados de terra sobre o corpo. Em sua entrada após a morte da noiva Antígona, Hémon, num contraponto melancólico, toca “La vie em rose” numa flauta e recita o poema “Necrológio dos desiludidos do amor”, de Carlos Drummond de Andrade. (Renata Cazarini)