GOTA D’ÁGUA [A SECO]

Laila Garin e Alejandro Claveaux


Mito: Medeia
Texto: Paulo Pontes e Chico Buarque
Temporada: 05.01 a 19.02. 17 (RJ) | 07.04 a 07.05.17 (SP)
Local: Teatro Riachuelo | Rio de Janeiro (RJ)
Teatro Porto Seguro | SP
Direção musical: Pedro Luís 
Repertório musical: Gota d’água, Basta um dia, Bem querer, Flor da idade, Eu te amo, Sem fantasia, Cálice, A caçada, Pedaço de mim, Você vai me seguir (Chico Buarque)
Elenco: Laila Garin, Alejandro Claveaux
Assistido em: 15.02.17 (RJ)
Duração: 120 min

Inspirada na Medeia clássica, a versão de Chico Buarque e Paulo Pontes para o mito é revisitada na adaptação e direção de Rafael Gomes, sob a direção musical de Pedro Luís e cenário de André Cortez, com apenas dois atores em cena: Laila Garin (Joana) e Alejandro Claveaux (Jasão).

“A montagem busca a essência da história, os embates entre Joana e Jasão”. (Divulgação) 

O repertório musical é ampliado, com cinco músicos no palco.  “É trair para ser muito fiel”, segundo o diretor Rafael Gomes ao Metrópole (TV Cultura) abaixo. A estreia deu-se em maio de 2016, no Rio de Janeiro.

Metrópolis: "Gota D´Àgua"



NOTA BENE

A “Gota d’água” original estreou em dezembro de 1975. Escrita em versos, com quatro canções. A montagem aconteceu no antigo Teatro Tereza Rachel, dirigida por Gianni Ratto, com Bibi Ferreira como Joana e Roberto Bonfim como Jasão.
Bibi Ferreira - Monólogo Veneno da Peça Gota D´Àgua

Bibliografia

“Nós escrevemos a peça em versos, intensificando poeticamente um diálogo que podia ser realista, um pouco porque a poesia exprime melhor a densidade de sentimentos que move os personagens, mas quisemos, sobretudo, com os versos, tentar revalorizar a palavra. Porque um teatro que ambiciona readquirir sua capacidade de compreender, tem que entregar, novamente, à múltipla eloquência da palavra, o centro do fenômeno dramático”.  (Introdução a “Gota d’água”, Pontes e Buarque, p. )

BUARQUE, Chico e PONTES, Paulo. Gota d’água.

Comentário

Espetáculo revela integridade e inteireza de texto, música, cenário, figurino, direção, interpretação. O que seria da movimentação em cena sem os elementos estruturais em ferro, vidro, plástico, luz, água e areia que reproduzem a comunidade onde Joana (Medeia) e Jasão expõem o conflito pessoal e político que os oprime em diferentes medidas. 

Galões d’água fazem o contrapeso nas leves estruturas metálicas plenas de transparência sobre as quais o casal de atores faz como que um bailado. E ainda assim, em meio a tanta movimentação, o texto não se perde, frui-se da poesia dramática pontuada de rimas. Texto atualizado, efetivo, em total interação com as canções originais e adicionais de Chico Buarque. 

Joana é feiticeira, é vingativa e é uma deslocada, confrontando o poder de Creonte, inacessível pela ausência no palco, embora sua magistral fala sobre a cadeira seja assumida por Jasão nesta montagem. “Que força infeliz tem o mundo de Creonte que fez que Jasão virasse isso?” – pergunta Joana. A Medeia brasileira se mata no final.  (Renata Cazarini)