MEDEIA NEGRA CONTEMPORÂNEA
audiovisual
Dramaturgia: Márcio Marciano, Daniel Arcades, Márcia Limma, Tânia Farias
Concepção e atuação: Márcia Limma
Intérprete de Libras: Tatiana Elizabeth
Direção: Tânia Farias
Direção de Fotografia: Larissa Lacerda
Direção Musical e Piano: Roberto Brito
Músicas: Márcio Marciano e Roberto Brito
Cenografia e Adereços: Márcia Limma e Ramona Gayão
Figurino: Márcia Limma
Câmera: João Rafael Neto
Técnica de Iluminação: Milena Pitombo
Captação de Som Direto: Léo Conceição
Montagem e Finalização: Tainahakã
Produção Executiva: Ramona Gayão
Design Gráfico: Caracol
Temporada: 9 a 23 abr.2022
Assistido em 10 abr.2022
YouTube do Corpos Indóceis e Mentes Livres (disponível temporariamente)
Duração: 21 min
Sinopse
A personagem Medeia é imortalizada na dramaturgia mundial como a infanticida, a mulher bárbara que foi capaz de assassinar os próprios filhos por ciúmes do marido. A montagem baiana questiona a versão mais famosa do mito na qual a mulher é criminalizada, ao evidenciar os conflitos e discursos de uma mulher negra, dando voz a questões do feminismo negro trazendo à tona discussões atuais para convocar as mulheres à retomada de poder. (divulgação)
Comentário
Márcia Limma eu só conheço mesmo pela atuação no projeto “Medeia Negra”, que vem ganhando diferentes formatos ao longo dos últimos anos, mas mantendo sua essência: dramaturgia nativa contemporânea sobre o mito antigo de Medeia. Quando você acha que não pode se surpreender, engano seu, vem algo novo e insuspeito, retorna algo antigo de outro jeito. Foi um prazer ver mais uma vez “Medeia Negra”, agora com “Contemporânea” atrelada ao título.
Talvez merecesse também “Urbana”, já que a versão audiovisual de 21 minutos explora exteriores, numa comunidade em Salvador (BA), além de preservar cenas internas da casa da atriz, estratégia dramatúrgica que havia sido adotada nas versões anteriores em vídeo, por exemplo, a que foi apresentada ao vivo em 2 de setembro de 2020 e que ficou gravada no site do Sesc. Veja meu post.
A gravação de 24 de fevereiro de 2022, que dá base ao audiovisual atual, aposta na identidade local: a atriz circula por ruas e vielas e faz performance em plena avenida movimentada.
No ambiente da casa, dispositivos dramatúrgicos como pratos sendo quebrados têm eficácia e são mais explorados. O movimento da máquina de lavar é uma novidade, com as bonecas de pano Abayomi.
O ponto alto do espetáculo, a meu ver, continua a ser a performance musical de Márcia frente ao microfone de pedestal, como uma crooner entorpecida, só que agora as imagens são PB e a intérprete de Libras, Tatiana Elizabeth, dá seu show.
Esta é uma versão 10 minutos mais breve do que a do Sesc, mas nem por isso menos intensa. O desfecho alude à mulher educada para estar na cozinha, com panelinhas em chamas. A palavra de ordem da peça e da pesquisa “Medeia Negra: O enegrecimento de uma personagem clássica a partir da vivência com mulheres em situação de encarceramento na criação de um solo de teatro”, desenvolvida pela atriz na UFBA (veja este post), sobreviveu à pandemia: “Levanta, mulher, levanta. Com o patriarcado é assim: se conseguir, mulher, converse; se não der, mate!”.
O projeto atual foi contemplado pelo Prêmio Riachão – Projetos de Pequeno Porte, da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura Municipal de Salvador, por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, destinado pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.
Renata Cazarini
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