AS GUERREIRAS DO AMOR



Tema: Lisístrata, de Aristófanes
Texto: Domingos de Oliveira
Direção: Isser Korik
Elenco: André Mattos, Analice Pierre, Andressa Lelli, Bruna Tatar, Denis Felix, Gabriela Monteiro, Isaac Medeiros, Larissa Matheus, Mayara Justino, Monique Hortolani, Robson Guedes, Rodrigo Vicenzo, Ronaldo Saad e Tito Soffredin
Realização: Conteúdo Teatral 
Temporada: 10.01a 30.03.19
Local: Teatro Folha – São Paulo | SP
Duração: 70 min
Assistido em: 12.01.19

Baseada na obra “Lisístrata”, de Aristófanes, a peça conta a história da prostituta Lisístrata, que lidera as mulheres de Atenas, revoltadas contra a guerra. Sem poder político, elas decidem fazer uma greve de sexo até que seus maridos façam um acordo de paz. (Divulgação)

Comentário
O texto de Domingos Oliveira, cineasta e dramaturgo, estreou em 1988, no Teatro Cândido Mendes, no Rio de Janeiro. No elenco, Maitê Proença (foto). A peça já foi montada muitas vezes e volta agora, trinta anos depois, mas o texto – me parece – precisaria ser atualizado. Ele soa, até mesmo nas rimas nada ambiciosas, datado. Algumas gags revelam suas décadas. 


A atual montagem, que traz à frente André Mattos, ator que esteve também na primeira encenação, dirigida pelo próprio Domingos Oliveira, ignora o que o texto de Aristófanes já propiciou como matéria para o teatro e o cinema nas últimas décadas. Eu cito como exemplo o filme de Spike Lee “Chi-raq”, de 2015, em que a trama da greve de sexo das mulheres é inserida na realidade da disputa de gangues de Chicago, numa correlação com as ações militares norte-americanas no Iraque – daí o título: Chi[cago] - [I]raq. É magistral – e também é rimado!


No livro “Minha vida no teatro”, publicado pela editora Leya em 2010, Domingos Oliveira comenta a estreia, em 1988, do texto “muito livremente” baseado em Aristófanes:
“Certa cena as mulheres mostravam os seios, todas juntas, num instante. Para fazer desmaiar certo guerreiro. Acontece que o teatro era uma arena. De modo que era comum ter espectadores masculinos que assistiam à peça duas ou três vezes de ângulos diferentes” (p.16).


A cena se mantém na montagem atual, com certa gratuidade. Esta “Lisístrata” é do tipo que provoca o riso fácil.
Mais informações neste post.  
(Renata Cazarini)