Édipo Unplugged


Mito: Édipo
Texto: Sófocles
Tradução: Geir de Campos
Temporada: 09.06 a 09.07.17
Local: Casa de Baco | Rio de Janeiro (RJ)
Direção: João Fonseca e Paula Sandroni
ElencoCia. F.Privilegiados: Thelmo Fernandes (protagonista no dia em que foi assistida a peça) e João Fonseca no papel de Édipo, Rose Abdallah e Rafaela Amado no papel de Jocasta, Roberto Lobo no papel de Creonte e no coro e mensageiros: Ricardo Souzedo, Diogo Camargos, Isley Clare, Saulo Segreto e Paula Sandroni. Ator convidado: André Dias (Tiresias)
Assistido em: 24.06.17
Duração: 60 min.

Em 2004, a Cia Fodidos Provilegiados estreou esta versão clássica, numa montagem moderna, simples. 13 anos depois a peça é encenada na Casa de Baco (RJ), em curtíssima temporada.

Histórico de temporadas desta montagem, desde a estreia:    

Espaço Cultural Sergio Porto | RJ - Riocenacontemporanea 2004
Teatro Café Pequeno | Rio de Janeiro - 2004 
Teatro Glória | Rio de Janeiro - 2005
SESC - Palco Giratório | Salvador, Brasília e Campo Grande - 2006
Festival da Associação de Grupos e Companhias, Teatro Miguel Falabella | Rio de Janeiro - 2008
Instituto de Letras da UFF | Niterói (RJ) - 2012
Casa de Baco | Rio de Janeiro - 2017 

"Édipo Rei" de Sófocles é considerada por Aristóteles como a mais bela tragédia de todos os tempos. A peça gira em torno da descoberta por Édipo, rei de Tebas, dos fatos terríveis que motivaram o castigo divino, uma peste, que assola a cidade. As investigações que seguem revelarão a Édipo e sua mulher, a rainha Jocasta a tragédia de que são protagonistas.

Numa encenação despojada, que conta apenas com sete cadeiras como cenário e com figurinos iguais para todos os nove atores (calça jeans e camiseta preta), destaca-se a beleza do texto de Sófocles, tornando a tragédia mais acessível e os personagens mais humanos. O espetáculo foi indicado ao Prêmio Shell 2004 de Melhor Direção. (Divulgação)

Comentário

A montagem despojada, como o prometido, segue o texto de Sófocles na versão de Geir Campos (1924-1999), feita a partir do texto em inglês de Sir Richard Jebb (1841-1905), que tem sido encenada sistematicamente no Brasil, incluindo, por exemplo, a de Flávio Rangel, em 1967, com figurinos de Flávio Império (abaixo).


“Enquanto uma pessoa não deixar esta vida sem conhecer a dor, não se pode dizer que foi feliz” – diz o coro no final do Édipo de Sófocles (séc.V a.C.), que é exatamente como se encerra a montagem da Cia. Fodidos Privilegiados.

O protagonista usa uma parede pintada como quadro negro, onde delineia sua teimosa investigação (abaixo).


Os atores, vestidos em jeans e blusas pretas, tentam, tanto quanto cada um é capaz, pôr a força na palavra. O texto é, de fato, envolvente. Eu, no entanto, ainda preferiria “vocês” a “vós” em pleno século XXI.

O limitadíssimo espaço da montagem, com dez atores se revezando em cena, força uma proximidade, favorecida ainda pelo palco nu exceto pelas velas que queimam quase até o desfecho da peça.


No momento final, tudo escuro – mimetizando a cegueira de Édipo, relatada pelo mensageiro, conforme o texto de Sófocles.  (Renata Cazarini)