Tebas (ou T.E.B.A.S)


Tema: trilogia tebana

Realização: Cia. Elevador de Teatro Panorâmico

Dramaturgia cênica e direção: Marcelo Lazzaratto

Atores da Cia.: Carolina Fabri, Marcelo Lazzaratto, Pedro Haddad, Rodrigo Spina, Tathiana Botth, Thaís Rossi

Atores convidados: Eduardo Okamoto, Marina Vieira, Rita Gullo

Iluminação: Marcelo Lazzaratto

Cenário: Julio Dojcsar

Figurino: Silvana Marcondes

Música original: Daniel Maia

Fotos de divulgação: João Caldas Filho

Duração: 120 min.

Estreia e temporada no Sesc Bom Retiro (SP): 19 maio-25 jun.2022

 

Sinopse

Em “Tebas”, a Cia. Elevador cria um entrelaçamento das três peças que compõem a Trilogia Tebana: Édipo Rei, Antígona e Édipo em Colono, que discutem alicerces fundamentais de nossa sociedade: tirania e democracia; patriarcado, território e exílio; destino e livre arbítrio. Nessa nova dramaturgia, Édipo está nos três tempos vivenciando os dilemas, os mistérios, as dores, as perdas, as guerras, as angústias que atormentam Tebas e seus habitantes; uma figura humana que vê e revê incessantemente as causas e consequências de suas escolhas, e o Coro, interpretado por um único ator, assim como Édipo, perpassa os tempos, pois sabemos que, ao fim e ao cabo, somos todos nós cidadãos comuns que atravessamos as épocas e seus imaginários, geração seguida de geração, sempre sujeitos aos governantes e aos seus sistemas de governo. (divulgação)

 

Nota bene

Eu já falei dessa peça quando estava em processo. Leia aqui.


Jocasta e Édipo

 

Notícia curta

Não vai dar para eu ver na estreia, mas estou me programando para comparecer no início de junho. Assim, por enquanto, recolho alguma informação que me prepare para essa experiência presencial.


De cara, lógico, vem à mente o livro de grande circulação A Trilogia Tebana, traduções de Mário da Gama Kury das tragédias de Sófocles Édipo Rei, Édipo em Colono, Antígona, reunidas num só volume, cuja primeira edição é de 1989, pela Jorge Zahar Editora. Parece anedota, mas não é: eu já vi gente entrando no teatro para ver Antígona com o livro da capa laranja na mão.

 

Só lembrando, então, que essas peças de Sófocles não foram encenadas como uma trilogia na Atenas clássica, resultando o título, certamente, de uma estratégia comercial. A única trilogia que nos alcançou é a Oresteia, de Ésquilo, reunindo Agamêmnon, Coéforas, Eumênides. O encenador Marcelo Lazzaratto sabe disso. Ele é professor na Unicamp e criador da Cia. Elevador de Teatro Panorâmico, um núcleo permanente de investigação em linguagem teatral fundado em 2000, na cidade de São Paulo.


A montagem é uma celebração de 20 anos, embora só ganhe o palco agora. Conhecida por discutir questões do mundo contemporâneo a partir da encenação dos clássicos, pode-se tomar como referência do seu repertório o espetáculo “Ifigênia”, de 2012, disponível em vídeo aqui.

 

@a3moura

 

Eu não conversei com o Lazzaratto, mas a assessoria de imprensa fez isso por mim. Alguns comentários dele sobre “Tebas” (ou T.E.B.A.S):


“A dramaturgia entrelaça as três peças, mas mantém as palavras originais de Sófocles. O que eu fiz foi seguir o entrelaçamento dos três tempos num tempo só, por conta dessa percepção de que o mito é sempre presente, é sempre estável. Embora haja essa cronologia entre as peças, pensando miticamente, tudo coexiste. Mas não se trata de um tempo cronológico, e sim eterno, constante, inexorável”.


Sobre o enredo desta montagem, parece que vai ser assim: Édipo está em Colono, já cego e idoso, recordando tudo o que ocorreu em Tebas e, de alguma forma, antecipando o que se passará com a família, conforme a trama de Antígona.


“O mito é estável, a sociedade é que muda. E, na minha opinião, no mundo tão fragmentado, caótico e desequilibrado em que vivemos hoje, ainda mais no Brasil, estabelecer diálogos com a estabilidade do mito pode favorecer um tipo específico de ação e de pensamento”.


Acho que essa parte é que mais me desperta curiosidade: que tipo específico de ação e pensamento?

 

“Somos um grupo de linguagem cênica e temos esse sistema de trabalho que se tornou nossa personalidade artística. Ele serve para qualquer formato e a gente sempre volta a estabelecer o diálogo entre Campo de Visão e os clássicos, porque uma coisa renova, recicla, reconsidera e reavalia a outra”.

 

A respeito desse método de trabalho, há informações no 2º número da revista Sobe?, tratando da montagem de “Ifigênia”. Dá pra você pegar aqui no blog.


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