ODISSEIA POR ELAS – Projeto dramatúrgico
Eu já havia alertado, lá no início do ano, que “Odisseia”
estaria nos palcos em 2018. Tivemos, nos últimos meses, duas montagens de
fôlego – a da Cia. Hiato e a de Christiane Jatahy. Ambas propõem leituras do
texto homérico de um ponto de vista do empoderamento feminino, dando voz às
personagens femininas da épica clássica. A obra “The Penelopiad” (2005), da
autora canadense Margaret Atwood, é citada como referência para as adaptações
contemporâneas do mito de Odisseu e sua longa jornada de volta para Ítaca.
Mais
um texto nessa vertente deve ser publicado ainda em agosto. A peça chama-se “A
encomenda” e integra o projeto “Odisseia por elas”, de Heloísa Cardoso,
contemplado no edital ProAc 34/2017 de dramaturgia (Veja o projeto no post de janeiro).
Nessa dramaturgia, Ulisses é uma caixa de papelão que passa pelas mãos das personagens femininas da “Odisseia” até chegar a Penélope. Segundo a dramaturga, fazer do protagonista masculino um objeto inanimado possibilita que as personagens femininas, falando com “a encomenda”, se escutem e se revelem enquanto sujeito. Detalhes sobre o desenvolvimento da dramaturgia podem ser vistos aqui.
Foi feita uma primeira leitura dramática em 14 de julho, em São Paulo, à qual não pude assistir. A autora revela que a peça é constituída de cenas em que aparecem as personagens Calipso, Circe, as sereias, Euricleia, as escravas, que se intercalam com cenas de Penélope. Heloísa Cardoso diz que “a complexidade da mulher que espera” é o que desperta o seu interesse. A deusa Atena é a funcionária dos Correios encarregada de levar a caixa desde uma destinatária à outra.
O prefácio do livro já foi divulgado. Escrito por Adélia
Nicolete, está no seu blog.