"ANTÍGONA" e "PROMETEU" em 2017 [parte I]
“Prometeu”, de Massimo Luconi
Já se aproximando o encerramento de 2017, um
balanço preliminar do ano revela que “resistência” e até “rebeldia” aparecem
como fundamentais na análise da cena teatral no que tange às montagens de peças
da Antiguidade no palco brasileiro de hoje.
No eixo Rio-São Paulo, que este blog procura
cobrir tanto quanto possível, as peças “Antígona” e “Prometeu” tiveram
destaque: foram registradas sete diferentes encenações da primeira, sendo duas
inéditas e as demais, novas temporadas de montagens anteriores, assim como a
segunda recebeu cinco diferentes montagens em São Paulo, duas delas inéditas.
Sendo os personagens principais dessas peças
figuras míticas identificadas com a resistência e até revolta contra o poder
violento, parece razoável considerar que o momento de tensão política, marcado
também pela intransigência ideológica, às vésperas de eleições majoritárias no
Brasil em 2018, tenha sido levado em conta na produção desses espetáculos.
O diretor Moacir Chaves, responsável pela “Antígona”
encenada entre 17 de agosto e 1º de outubro no Teatro Ágora, em São Paulo,
comenta em entrevista:
Quais são os valores supremos defendidos pelo texto: a piedade e o
amor?
Para mim são a coragem e a liberdade. A coragem de agir e a
liberdade de ação. Dentro da esfera de cada um. Não se pede heroísmo. Antígona
não é uma heroína. Ela age dentro das possibilidades dela. Ela não entra para
se matar, e, quando vai morrer, ela sofre. Sofre a dor da morte iminente. Da
vida que não foi e nem será fruída. Isso é muito bonito na peça. O guarda, por
exemplo, afronta Creonte porque é um cidadão. Ele sabe, apesar da disparidade
na escala social, que há alguma coisa ali que lhe dá respaldo. E tem a coragem
de falar.
Interessa observar ainda que no
festival “Pompeii Theatrum Mundi”, realizado entre 22 de junho e 23 de julho no
Parque Arqueológico de Pompeia, na Itália, também foram encenadas uma versão de
“Antígona” e uma de “Prometeu”, ambas associadas pelo diretor Massimo Luconi à
imagem da revolta contra o poder violento e destrutivo.
Leia trechos (em
italiano) dos comentários do diretor a partir do catálogo, gentilmente cedido
pelo Prof. Dr. José Eduardo dos Santos Lohner:
“Prometeo”
da Eschilo
Il
destino di Prometeo è diventato, nel corso della storia della nostra
civiltà, l’emblema di una umanità che acquista autonomia, fra utopia e
sconfitta, libero pensiero e consapevolezza di sé, in contrapposizione alle
minacce della natura e alla tirannia di un potere violento e distruttivo.
Prometeo dona il fuoco agli uomini per affrancarli dalla loro barbarie, ma il
fuoco ha anche un valore ambiguo, come ambigua è la figura stessa di Prometeo,
eroe e vittima del potere di Zeus, ma anche in parte colpevole nell’aver
tradito la fiducia del re dell’Olimpo (e il fatto che questo dono possa essere
usato male è uno dei motivi che percorrono l’opera e che inquietano il nostro
presente).
La vicenda di Prometeo, con la sua dolorosa e nobile immagine di
ribelle, di uomo in rivolta, che accetta di scontare il proprio destino con
intransigente e coerente consapevolezza, è carica di pathos senza tempo, di
rimandi a momenti drammatici della nostra storia contemporanea. (Catálogo: “Note di regia”)
“Antigone
– una storia africana” di Jean Anouilh
La storia
di Antigone, che da più di due millenni attraversa la nostra
civiltà occidentale, è di tragica attualità nella storia dell’Africa
contemporanea, dove è forte la dicotomia fra cultura tradizionale del villaggio
e emarginazione delle immense bidonvilles, fra individuo e collettività, fra
leggi dello stato, spesso dei regimi dittatoriali, e leggi no scritte della
grande famiglia africana solidaristica e protettiva.
Nel lavore a una messinscena di un testo così
emblematico como Antigone ho pensato
a un dramma a tesi, asciutto e compatto, impostato con la linearità della
parabola e del teatro didascalico, unendo alla mia esperienza di regista
europeo alcune modalità del teatro tradizionale africano.
(...) Alla struttura linguistica
della versione di Anouilh in lingua originale francese, studiata in Senegal nei
licei, abbiamo aggiunto alcuni spezzoni di testo anche in wolof, la lingua
parlata da tutti, mischiando il francese colto alla comunicazione diretta e
popolare, rispecchiando così quello che è uno degli aspetti più interessanti
del Senegal di oggi, l’osmosi alchemica fra tradizione popolare e cultura
europea. (Catálogo: “Note di regia”)
Leia as outras postagens da série “Antígona” e “Prometeu” em 2017:
Leia as outras postagens da série “Antígona” e “Prometeu” em 2017: