HELLO, ÉDIPO (Panóptico/Foucault)
Adaptação dramatúrgica: Bartholomeu de Haro
Direção: Bartholomeu de Haro
Assistente de direção: Pedro Henrique Moutinho
Elenco: José Sampaio (Édipo), Sol Faganello (Jocasta), Silvio Restiffe (Tirésias), Elen Londero (Mensageira de Corinto), Pedro Henrique Moutinho (Creonte), Bartholomeu de Haro (Cécrops), Darília Ferreira (Coro)
Cenário: J. C. Serroni
Iluminação: Guilherme Bonfanti
Figurinos: Telumi Hellen
Realização: Cia. Veneno do Teatro
SP Escola de Teatro – São Paulo
Praça Franklin Roosevelt
Temporada: 20 set. a 13 out. 2024
Duração: 90 min.
Assistido em 04 out. 2024
Gratuito
*Com apoio do edital de fomento a projetos de múltiplas linguagens da Secretaria Municipal de Cultura da Cidade de São Paulo.
Nota Bene
A Cia. Veneno de Teatro organizou
discussões que antecederam a temporada e que ficaram registradas no canal do grupo no YouTube. Não tive ainda como ver. Se não tiver tempo para tudo, veja ao menos este, breve e básico.
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Hello, Édipo em 04 out. 2024 na SP Escola de Teatro - Unidade Roosevelt. |
COMENTÁRIO
O texto de Sófocles está ali nas bocas e corpos de bons atores. A tragédia direitinha. Teatro correto, incluindo – como quase todos hoje – cenas gravadas de placas de ruas com nomes de que remetem ao Édipo rei. Teaser. O figurino é bem elaborado. O espaço tem suas restrições, acomodando, na casa cheia, 60 pessoas, como foi na noite em que compareci.
O que aconteceu na parte introdutória do espetáculo me deixou confusa, simplesmente não captei o que se passava. Consta que um grupo de atores encenaria uma peça intitulada “O inferno é para quem se acha no céu”, mas se amotina e monta Édipo.
Como diz o
diretor e ator Bartholomeu de Haro: “A gente se apropriou dessa tragédia, em
que um grupo de amotinados, que são os atores, resolve contar sua versão de Édipo.
Tentam da sua melhor forma contar essa história e buscar um caminho, não de
punição, mas de compreensão”.
O filósofo Michel Foucault
(1926-1984) é um balizador – e aparece num vídeo com um excerto de uma entrevista.
O conceito de “panóptico”, dispositivo de exercício do poder pela constante
vigilância, está no subtítulo da peça, associado ao nome do pensador francês,
que abordou o tema no livro Vigiar e Punir (1975). O filósofo encarou o
mito de Édipo como o estabelecimento do sistema judicial.
A canção “Hello, Goodbye”, dos
Beatles, na voz de Milton Nascimento, trilha sonora da peça, alude ao título da
montagem – ou vice-versa. Também aparece num poema-rap declamado em cena que
termina assim: “Hello, Milton, ai... Hello, Beatles, Goodbye ...de
mim”. Isto é: “oimoi” (οἴµοι) – o
lamento na tragédia grega antiga. O trágico está ali. Direitinho.
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A partir da esq.: Cécrops, Tirésias, Coro, Jocasta, Édipo, Mensageira de Corinto, Creonte. |
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