EPIDEMIA PRATA
Mito: alusão a Medusa
Texto: Cia. Mungunzá de Teatro
Temporada: 23.05 a 17.06.18
Local: Sesc 24 de maio | São Paulo (SP)
Direção: Georgette Fadel
Elenco: Gustavo Sarzi, Leonardo Akio, Lucas Beda, Marcos Felipe, Pedro Augusto, Verônica Gentilin, Virginia Iglesias
Idade: 14 anos
Duração: 90 min
Assistido em: 25.05.18
Predominantemente performático, o espetáculo apresenta o universo dos “meninos prateados”. Esse universo prata assume uma infinidade de conotações para desconstruir personagens estigmatizados pela sociedade, numa mistura de relatos pessoais sobre a residência na Cracolândia e o mito da Medusa. (Divulgação)
Comentário
A Cia Mungunzá reúne suas experiências – até que ponto documentais, até que ponto ficcionais, não se pode afirmar – na área da Cracolândia, na capital paulista, onde instalou o Teatro de Contêiner, inaugurado em março de 2017.
“Epidemia prata” escolhe, entre tantos personagens possíveis, os meninos que se pintam de prata e pedem dinheiro na rua: “prata dá mais prata”, dizem eles, segundo os atores da Cia Mungunzá.
Mas também as estátuas vivas são aludidas, que é quando – e só nesse momento – é feita a referência ao mito antigo na peça: “Medusa transforma minha forma e me usa”. A Medusa somos nós: a sociedade em sua bolha, que desumaniza e marginaliza, que não enxerga o homem deitado ali na rua ao seu pé – o transforma em pedra. “Menino prata, homem prata, cidade prata. (...) Sim, pode olhar, foi você quem fez”.
A diretora Georgette Fadel apresenta a montagem como “uma pequena gira teatral, dura, sólida”. É um exercício cênico, revelando o processo de construção de cada cena-relato: intenso trabalho corporal de interação com moedas de metal que põem os atores prateados, suporte cenográfico em vídeo, uma orquestração de metais ao vivo e até chuva molhada mesmo sobre as vítimas da Medusa, corpos ali estendidos no chão. (Renata Cazarini)