ANTÍGONA de Sófocles


Mito: Antígona
Versão: Celso Frateschi (a partir das várias traduções disponíveis em português)
Temporada: 17.08 a 01.10.17
Local: Ágora Teatro São Paulo (SP)
Direção: Moacir Chaves
Elenco: Celso Frateschi, Naruna Costa, Pascoal da Conceição
Assistido em: 25.08. 17
Duração: 90 minutos

As sessões das sextas-feiras contam com debate coordenado pelo crítico Welington Andrade, com a participação dos atores. A montagem de Antígona foi contemplada pelo prêmio Zé Renato, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Foi o prêmio que possibilitou trazer a São Paulo Moacir Chaves, consagrado diretor do Rio de Janeiro, e estabelecer esse intercâmbio entre dois importantes polos culturais do país. (Divulgação)

“Ao buscar uma tradução para a nossa montagem de Antígona de Sófocles, percebi uma inadequação das escolhas estilísticas e formais das versões que visitei e o sentido de uma montagem da peça em São Paulo, no Brasil de 2017. Talvez essa seja uma das principais dificuldades de se montar um clássico. O que nos leva a querer montar um clássico? No caso do Ágora Teatro, é a pertinência das questões humanas que o texto provoca e a dimensão poética dessas questões colocadas”. (Celso Frateschi no programa da peça)

Palco do Ágora Teatro. Foto de Lenise Pinheiro

Comentário

A aposta em três atores para a representação da peça integral tem o efeito de concentrar num espaço íntimo, o da nova sala Gianni Ratto, do Ágora Teatro, com apenas 40 lugares, a força de um bom elenco, que se multiplica em diferentes papéis e, em conjunto, faz o coro de anciãos tebanos.

A plateia fica em fileira única à esquerda e à direita da faixa de espaço cênico em que os atores se apresentam, à altura dos olhos do público. Até por isso, pela delimitação do campo físico de atuação, as falas poderiam estar num volume mais natural, menos alto: Creonte (Celso Frateschi) não precisa gritar para configurar autoridade ou autoritarismo.

O texto, versão de Frateschi, preserva a estrutura integral da peça grega, com frases inteiras facilmente reconhecíveis por quem está familiarizado com a tragédia.

A proposta, conforme ele informou em debate com espectadores, era atualizar a linguagem, evitar qualquer dificuldade de compreensão. Frateschi relatou ter começado os trabalhos de versão lendo a tradução de Guilherme de Almeida, que, segundo ele, propicia ótima leitura, mas pouca embocadura no palco.

Já a de Millôr Fernandes, que Frateschi considera uma adaptação, não atendia o propósito da montagem do Ágora. Trata-se de um bom espetáculo, mas não creio que tenha transmitido a real dimensão trágica da peça de Sófocles. (Renata Cazarini)