LÍSIAS, CORNO SIM, MANSO JAMAIS
Mito: Baseado no
discurso “Do assassinato de Eratóstenes”, de Lísias (c.445-c.380 a.C.)
Tradução: Trupersa
Temporada em cartaz: 04.03. 17
Local: Casa Guilherme
de Almeida | III Encontro de Tradução dos Clássicos no Brasil | São Paulo (SP)
Direção: Tereza Virgínia
(UFMG)
Direção
artística: Andreia Garavello e Luciano Luppi
Assistido em: 04.03.17
Assistido em: 04.03.17
Duração: 20 min
Filologia e oralidade atuando na
recuperação de uma função retórica e dramática nos oradores áticos. (Divulgação)
Desde 2009, com a publicação de um artigo
na revista Nuntius Antiquus e com a criação da Trupe de Tradução de Teatro
Antigo, a Trupersa, estamos produzindo, com grupos de acadêmicos, músicos e
atores, traduções coletivas, cênicas e funcionais de teatro grego. Somos um
grupo de classicistas mais experimentados que se juntou a jovens irreverentes e
dionisíacos. O grupo tem por bandeira uma espécie de ‘campanha permanente de
popularização do teatro grego’. (Tereza Virgínia,
palestra em 04.o3.17)
Bibliografia
Lísias (gr. Λυσίας), um dos mais
importantes oradores do cânon alexandrino, era na realidade um logógrafo que,
assim como Iseu e Dinarco, escrevia discursos de natureza judicial para os
litigantes que o contratavam. Sua atividade pertence à primeira época da
eloquência ática.
Nasceu em Atenas, por volta de -445, em
rica família de metecos, e morreu c. -380, também em Atenas. Seu pai era de
Siracusa, chamava-se Céfalo, tinha uma próspera fábrica de escudos e vários
amigos na aristocracia ateniense. O diálogo A República, de Platão, é
ambientado em sua residência, no Pireu (ver supra); seu pai e seu irmão,
Polemarco, são interlocutores de Sócrates nesse diálogo. O próprio Lísias é
mencionado em A República e também em um outro diálogo, Fedro (Pl. Phdr. 227a).
O texto de Lísias evidencia grande
destreza narrativa, aliada à pureza do estilo, à simplicidade e ao uso da
linguagem cotidiana; a falta de adornos retóricos, no entanto, não implica em
coloquialismo ou em artificialismo. Sua capacidade de retratar favoravelmente
ou desfavoralvelmente os personagens envolvidos na causa (gr. ἠθοποιία) é
notável e foi observada já na Antiguidade (D.H. Lys.). Dioniso de Halicarnasso
assim resumia suas qualidades: pureza, simplicidade, clareza, brevidade,
vivacidade, propriedade e charme (Morgan, 1895, p. xxxiii).
RIBEIRO JR., W.A. Lísias. Portal GraeciaAntiqua, São Carlos. Consulta: 27.04.17.
Comentário
O discurso judicial convertido em teatro
solo resume a defesa de Eufileto, que se julgava um marido de sorte até a morte
de sua mãe, quando a esposa passa a ser assediada por Erastótenes, que a viu no
funeral, e acaba por tornar-se seu amante.
Eufileto admite ter sido o último a saber que a traição ocorria em sua própria casa, revelação forçada da escrava doméstica. O flagrante da traição leva Eufileto a assassinar Erastótenes. O ato cênico tem forte carga humorística, apesar de ter-se mantido na maior parte do texto elocução elevada.
Em palestra, a diretora de tradução informou que houve a tentativa de “equilibrar nossa elocução que, esperamos, tenha ficado entre o arcaizante e o contemporâneo; entre o estrangeirizante e o domesticante”. Também fizeram uso do “ideário do machão, do clichê e do caricato masculino”. (Renata Cazarini)
Eufileto admite ter sido o último a saber que a traição ocorria em sua própria casa, revelação forçada da escrava doméstica. O flagrante da traição leva Eufileto a assassinar Erastótenes. O ato cênico tem forte carga humorística, apesar de ter-se mantido na maior parte do texto elocução elevada.
Em palestra, a diretora de tradução informou que houve a tentativa de “equilibrar nossa elocução que, esperamos, tenha ficado entre o arcaizante e o contemporâneo; entre o estrangeirizante e o domesticante”. Também fizeram uso do “ideário do machão, do clichê e do caricato masculino”. (Renata Cazarini)